Saturday, December 09, 2006

Responsabilidade Social empresarial

Actualmente fala-se muito em Responsabilidade Social. De que se trata afinal e qual a finalidade? Na abordagem deste tema, tentarei uma breve explicação e uma interpretação.

As primeiras referências temáticas, surgiram no início do século XX, em trabalhos de Charles Eliot (1906), Arthur Hakley (1907) e John Clarck (1916). No entanto tal temática não foi aceite ao tempo, por se conotarem com a política socialista.
Em 1953, com o lançamento do livro nos Estados Unidos, Social Responsabilities of the Businessman de Howard Bowen, o tema despertou interesse e ganhou visibilidade.
A partir da década de 70, surgem associações de profissionais interessados em estudar o tema, como a American Accouting Association e American Institute of Certified Public Accountants. A partir daí a responsabilidade social deixa o campo da curiosidade e entra no campo do estudo.
É comum hoje em dia empresários e empresas divulgarem a participação e ou apoio em projectos e acções de cariz social. A responsabilidade social é mais abragente, que as doações financeiras ou materiais. De acordo com Grajew (1999), trata-se “ da relação ética, da relação socialmente responsável da empresa em todas as suas acções, políticas, práticas e nas suas relações”, sejam elas com o seu público interno ou externo.
A doação, é muito confundida com a prática socialmente responsável, mas não é mais que filantropia. As práticas filantrópicas , designam a ajuda e o carácter assistencialista, são normalmente externas à empresa, beneficiando a comunidade. A filantropia funciona como um paliativo, em situações gravosas e é normalmente concentrada em acções esporádicas e descontinuas, como campanhas de distribuição de alimentos, agasalhos e brinquedos na época de Natal.
Na responsabilidade social, a empresa age de forma estratégica, são traçadas metas para atender às necessidades sociais, de forma que o lucro da empresa seja garantido, assim como a satisfação do cliente e o bem – estar social. Há um envolvimento, comprometimento e é de carácter duradouro.
Durante muito tempo, as empresas preocuparam-se somente com a qualidade dos produtos, com o preço competitivo e a maximização do lucro. Nos tempos actuais, uma nova visão do mundo organizacional alerta para questões como, a ética, a transparência, a diversidade de aspectos sócio-culturais, económicos e o respeito e garantia dos direitos humanos, como indispensáveis a uma actuação responsável.
A responsabilidade social emerge como resgate da função social da empresa, cujo objectivo principal é promover o desenvolvimento humano sustentável, que actualmente, transcende o aspecto ambiental e se estende a outras áreas ( social, cultural, económica, política ), e tentar superar a distância entre o social e o económico, obrigando as empresas a repensarem o seu papel e a forma de conduzir os seus negócios.
O conceito de responsabilidade social empresarial foi lançado no Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável em 1998, na Holanda.
“ A responsabilidade social corporativa é o comprometimento permanente dos empresários de adoptarem um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento económico, melhorando simultaneamente, a qualidade de vida dos seus empregados e famílias, comunidade local e da sociedade no seu todo”.
O único guia sobre a implementação e adopção de práticas socialmente responsáveis, é neste momento a Norma SA8000, estando em fase de elaboração a ISO 26000, que se prevê pronta em finais de 2008.



Bibliografia consultada

Cristiani Oliveira e Juliana Torres, Responsabilidade Social Empresarial: Dimensões históricas e conceituais.

Cohen, D. Os dilemas da ética. Revista Exame. 14/05/2003

Responsabilidade Social Empresarial: Dimensões históricas e conceituais

CORTINA, A. Et al.. Ética de la empresa.2ª ed. Madrid – Trotta, 1996

Grajew, O. Filantropía de Responsabilidade Social, 24/04/2002. Disponivel em
http://www.ethos.org.br/

Klein, N. Sem logo, a tirania das marcas em um planeta vendido. RJ – Record, 2002, p. 393-407.

Pinto, C. Valor ou modismo? O Marketing Social deve ser reflexo da personalidade da empresa. Revista Exame, Guia da Boa Cidadania Corporativa, 2001. p 28.

1 comment:

Anonymous said...

Caro Victor,para lá da abrangência do humanismo,está o benefício fiscal que as empresas sofrem em determinados compromissos sociais,bem como a publicidade gratuita que a mesma implica que faz por vezes um benefício de custos muitas vezes altamente superior ao investido.

Para lá disso o consumidor alia a empresa a causas sociais resultando mais uma vez no benefício empresarial.

Assim beneficiam todos!

Abraços
Mário relvas