Saturday, March 31, 2007

Orçamentos dos Gabinetes dos actuais Governantes


Caros leitores, segundo o Jornal O Público " O Tribunal de Contas, arrasa contas dos últimos três Governos. Falta de transparência nos processos de admissão, total discricionaridade na tabela salarial e mesmo situações ilegais.

Tomando apenas em consideração os 184 gabinetes estudados e validados (de um total de 205, para o período), as despesas de funcionamento foram de 151,5 milhões de euros. O Governo de Sócrates é o que sai melhor do retrato, apresentando cerca de 36,5 milhões de euros de despesas com pessoal, bens e serviços, contra 36,7 do Governo de Santana Lopes, e 77 milhões de euros do executivo de Durão Barroso. Mesmo tendo em conta que o período analisado em que Barroso foi primeiro-ministro é cerca do dobro do dos seus sucessores, o estudo indica uma contracção da despesa em 2005.

Por outro lado, no entanto, o relatório indicia que o Governo de José Sócrates terá sido aquele que mais admissões permitiu e que mais recorreu a formas pouco transparentes no processo de recrutamento. Numa amostra de 30 gabinetes analisados com mais pormenor, verificaram-se 484 admissões, sendo que, de entre estas, 74 foram de especialistas. "

E assim se desbaratam os dinheiros públicos, assim se pede ao povo para apertar o cinto, tenta-se reduzir o défice à custa de sobrecarga de impostos e expoliam-se os que já pouco lhes resta, ou seja os reformados. Estes senhores que nos têm governado, não têm mesmo um pingo de vergonha na cara. Veja-se quanto gasta cada gabinete ministerial, para vergonha dos portugueses, se atentarmos nas rubricas, são de fazer corar. O despudor e a falta de seriedade e compromisso com o povo que os elegeu, estão bem patentes.
O Ministro dos assuntos Parlamentares, Prof. Dr. Augusto Santos Silva é de todos o mais económico, com um orçamento que me parece honesto e adequado, daí o destaque aqui no nosso blogue. Deixarei todos os outros à consideração e análise dos leitores.

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Saturday, March 10, 2007

Artigos Selecionados - ‘Os grandes portugueses’

Publicado no «PRAVDA.Ru»

“Custa a crer que alguém, em seu perfeito juízo, se lembre de perguntar se Aristides de Sousa Mendes foi pior ou melhor que D. João II e proponha decidir o dilema por meio do sufrágio popular. Mas a Direcção de Programas da RTP considerou genial a ideia de pôr à votação a preferência do público por uma de dez grandes figuras da História nacional. Como em todos os concursos e competições, teria as audiências garantidas. Responderia de forma espectacular à persistente acusação de a RTP, enquanto serviço público, fazer muito menos do que deve pela cultura intelectual e artística do povo português e teria a vantagem de estimular louváveis sentimentos patrióticos. Por isso, a Direcção de Programas escolheu, para abrilhantar o concurso, figuras mediáticas capazes de atrair mais público e criou programas para recriar ambientes históricos e reconstituir dramas e batalhas.

Mas teve medo de exigir demasiado dos telespectadores. Para compensar o esforço intelectual que lhes pedia, condimentou a disputa espalhando algum cheiro a sangue. Com ajuda dos comentadores de serviço, difundiu o boato de que o vencedor seria Salazar e que, nas finais, ele se defrontaria com o seu grande adversário, Álvaro Cunhal. O programa atrairia assim o máximo das audiências. Chamaria a atenção não só dos consumidores de toda a espécie de concursos mas também do público sensível à excitação das votações partidárias. Partindo do princípio de que, quanto mais rasteiro fosse o nível dos programas, maiores seriam as audiências, tratou de simplificar o quadro histórico e de diluir o rigor das referências. Assim, por exemplo, por meio de uma sensacional aproximação, tentou demonstrar que a maior glória de Afonso Henriques foi ter fundado um país que até tinha conseguido chegar às finais do Euro-2004. As batalhas que o nosso primeiro rei venceu, com armaduras do século XV, prefiguravam as vitórias portuguesas nos campeonatos internacionais, e até o milagre de Ourique anunciava tão ‘impossível’ sucesso.

Estas subtis comparações fariam o público compreender intuitivamente o segredo da alma nacional e confirmar os seus sentimentos patrióticos. Os saudosistas do antigo regime seriam facilmente atraídos ressuscitando o primarismo apologético de um documentário dedicado a Salazar que mais parecia editado pelos serviços de propaganda do Estado Novo. Mas era imperioso evitar a contaminação das abstracções intelectuais. Impedir os académicos de colocar questões metafísicas e de suscitar debates de ideias. Excluir problemas confusos e distinções subtis. Também não era preciso recorrer a profissionais de um jornalismo de conteúdos nem a verdadeiros criadores artísticos, como, por exemplo, da área do teatro. Mais valia renunciar a reflectir sobre o que é a nação e o que representam os grandes nomes da sua História. Bastava consultar os técnicos das audiências. Com toda a razão. São eles que, com as suas sentenças, nem sempre muito consistentes, escolhem (ou julgam escolher) os grandes portugueses de hoje. Veremos se o futuro lhes dará razão.

Entretanto, como profissionais da investigação e do ensino da História, não podemos deixar de lamentar a desinformação e a manipulação que está em curso. A História de Portugal, nas suas complexidades e contradições, nas suas grandezas e misérias, seguramente merecia outra coisa.”

José Mattoso, prof. cat., FCSH/UNL; Fernando Rosas, prof. cat., FCSH/UNL; Luís Reis Torgal, prof. cat., FL/UC; António Reis, prof. aux., FCSH/UNL; Cláudio Torres, arqueólogo; Mirian Halpern Pereira, prof. cat., Dep. História ISCTE; António Manuel Hespanha, prof. cat., FD/UNL; Romero Magalhães, prof. cat., FL Universidade de Coimbra; Eduardo Cintra Torres, mestre em comunicação; Abdoolkarim Vakil, lecturer in Contemporary Portuguese History, King’s College, Londres, e mais 81 investigadores e historiadores universitários.

[Expresso ( excerto ), 03-03-2007] Versão integral do abaixo assinado, divulgado no jornal Expresso

Apoio e subscrevo inteiramente este abaixo-assinado sem restrições. De facto, lamento que o Serviço Público de Televisão - RTP entre no campo da desinformação e da manipulação da História. Aconselho-vos, ainda, a leitura de um magnífico artigo da Citizen Mary - Tempos interessantes… ( Porque História não é uma corrida. Não é um jogo….)