Sunday, April 15, 2012

Segredos do dinheiro, dos juros e da inflação


Segredos do dinheiro, dos juros e da inflação
Por Rudo de Ruijter,
Investigador independente
Países Baixos

O dinheiro desempenha um grande papel nas nossas vidas. Também na sociedade, quase tudo é determinado pelo dinheiro. É estranho que apenas umas poucas pessoas conheçam os truques de malabarismo através dos quais se origina e desaparece o dinheiro. A maior parte das pessoas vêm que o dinheiro se vai tornando menos valioso com o tempo, mas não sabe que isto é causado, em primeiro lugar, pelo próprio sistema monetário. Também a eterna busca do crescimento económico e a sempre crescente pressão do trabalho nos países industrializados são provocados pelo sistema monetário. O dinheiro também pode servir para a opressão, como por exemplo nos países do Terceiro Mundo, ou ser motivo de guerras, como aquela contra o Iraque. Gostaria de fazer uma pequena excursão pelos seus bastidores? Bem vindo ao circo dos malabaristas do dinheiro!
Content:



  1. Fazer dinheiro
  2. Inflação permanente
  3. Bancos centrais precisam de inflação
  4. Caprichos do stock de dinheiro
  5. A guerra contra o Iraque
  6. A opressão do Terceiro Mundo
  7. A arma da China
  8. Inflação e crescimento económico
  9. Mais crescimento ou uma sociedade sustentável?

1. Fazer dinheiro
Troca, uma necessidade primária
Cada pessoa precisa de produtos e serviços de outras pessoas. Elas utilizam dinheiro para efectuar trocas umas com as outras. Naturalmente, seria lindo se o dinheiro proporcionasse um meio de troca honesto. Mas isto não é o caso. O dinheiro perde valor ao longo do tempo.

O dinheiro não pertence ao Estado

A maior parte das pessoas acredita que o dinheiro é criado pelo Estado. Contudo, grande parte dos governos tem pouco ou nada a dizer acerca da oferta monetária do seu país. Os banqueiros assumiram o comando deste poder. Eles transformaram este meio de troca num modo lucrativo de cobrar impostos à população com a recolha do juro. Banqueiros recolhem juros permanentemente sobre quase todo o dinheiro do mundo.

O dinheiro é criado pelos bancos comerciais

Os bancos comerciais criam continuamente moeda para empréstimos. Eles fazem isso simplesmente teclando números nas contas bancárias de tomadores de empréstimos, os quais então gastam-nas como se fossem papel moeda real. Hoje a grande maioria de todo o dinheiro existe apenas como números em contas bancárias. De acordo com a lei, estes números têm o mesmo valor do papel moeda e das moedas metálicas.
É permitido a cada banco comercial que crie novo dinheiro desta forma. Nos bastidores, escondido dos olhos dos clientes, começa então o lucrativo malabarismo com o dinheiro de outras pessoas. De facto, as quantias que foram tecladas nas contas são comparáveis a cheques "carecas". O próprio banco não tem o dinheiro. Quando o tomador do empréstimo gasta a quantia teclada através do preenchimento de um cheque ou de uma ordem de pagamento, o banco utilizará o dinheiro de outras pessoas para pagá-lo. Desapercebidamente, este dinheiro é tirado das contas de depósito à ordem e à prazo de outros clientes. Você não percebe isso. Os números sobre as suas contas à ordem e a prazo permanecem imutáveis. E no momento em que você quiser dispor outra vez do seu dinheiro, haverá algum empréstimo que será pago outra vez ao banco, de modo que nunca saberá acerca disso. Em muitos países o mínimo de reservas que os bancos devem manter está fixado por lei. (Muitas vezes algo em torno dos 10 por cento). A maior parte das vezes estas reservas são mantidas pelo banco central do país.

Porque os bancos utilizam o dinheiro de outras pessoas para apoiar o novo dinheiro que eles emprestam, a quantidade de novo dinheiro que podem criar é limitada. Na prática, cerca de 90 por cento de todos o dinheiro depositado em contas à ordem e de poupança é utilizado como suporte do novo dinheiro.

Contudo, o dinheiro depositado em contas à ordem e de poupança também é dinheiro que em certo momento foi extraído do chapéu do banqueiro. Assim, novo "dinheiro criado a partir do nada" é suportado pelo já existente "dinheiro criado a partir do nada". Mas enquanto ninguém perceber, o malabarista obtém aplauso. Vamos dar uma olhadela às consequências.

O carrossel de empréstimos

Os empréstimos têm um efeito encoberto. Quando o tomador gasta o dinheiro, o receptor deposita-lo-á no seu banco. Este banco, graças a este depósito, pode emitir novos empréstimos. Estes empréstimos também serão gastos e tornar-se-ão depósitos num banco a seguir. E assim por diante. Naturalmente, a cada novo nível um banco recolhe juros. É um vasto carrossel de criação de dinheiro, o qual inflaciona a quantidade total de dinheiro no país.

Cada vez que empréstimos, emitidos por um banco, chegam como depósitos num banco a seguir, um novo ciclo de empréstimos pode começar. O esquema também se aplica quando o dinheiro de um empréstimo é gasto e retorna como depósito ao mesmo banco.

Se houvesse apenas um banco no país, rapidamente tornar-se-ia óbvio que este banco está a criar novo dinheiro continuamente através da emissão de empréstimos, e a recolher de volta como depósitos o dinheiro criado, emitindo novos empréstimos outra vez, a recolher de volta o dinheiro, e assim por diante.

Assim, o efeito do carrossel é que os bancos em conjunto criam mais empréstimos e recolhem mais juros o tempo todo. Isto inflaciona o stock de dinheiro muitas vezes. Mas será que nós, ou os bancos, ficamos mais ricos com isto?

Os bancos criam mais dinheiro, mas eles não criam magicamente mais bens para comprar. Quando as pessoas têm mais dinheiro, mas ainda há a mesma quantidade de coisas para comprar, os preços simplesmente ascenderão. Cada unidade de dinheiro torna-se menos valiosa. Isto é chamado inflação.

Assim, quando os bancos colocam mais dinheiro em circulação, o valor de cada unidade da moeda desce. E isto também é verdade para os juros que eles recolhem. Quanto eles emitem 10 vezes mais empréstimos e inflacionam o stock de moeda em 10 vezes, o juros que recolhem também valem 10 vezes menos.

A competição garante a inflação

A maior parte dos países tem apenas uma divisa oficial, mas múltiplos bancos comerciais a emitirem a moeda. E embora estes bancos em conjunto não fiquem muito mais ricos com o inflacionamento do stock de moeda, ainda assim ficam. A única razão para isto é a competição entre eles. Embora competição soe como coisa saudável, quando falamos acerca de empresas normais, a competição entre bancos significa emprestar tanto dinheiro quanto possível e assim maximizar a inflação.

Pois cada competição bancária é simplesmente uma batalha para recolher mais juros e aumentar a sua fatia de mercado e de lucros. O banco com o melhor resultado crescerá mais rapidamente do que os outros e, no longo prazo, será capaz de comer os seus competidores.

O fosso entre ricos e pobres

Nem todos podem tomar emprestado o dinheiro que quiserem. Ao emprestar dinheiro, os bancos exigem [garantias] colaterais que possam arrestar se o tomador falhar nos seus pagamentos. Pessoas que possuam suficiente garantia colateral podem obter empréstimos e investir facilmente. As grandes corporações pagam mesmo menos juros. A procura por garantias colaterais funciona como um alargamento contínuo do fosso entre ricos e pobres.

Para as sociedades, isto é um perigo permanente a assomar. Quando banco e não governos decidem acerca de empréstimos, os governos podem apenas tentar mascarar as rupturas sociais, mas não serão capazes de curá-las nem de impedi-las.

Empréstimos para investimento e consumo

Um efeito dos empréstimos que todos os tomadores conhecem demasiado bem é que o principal tem de ser pago de volta com juros. E empresário que toma emprestado para investimentos terá de gerar rendimento extra para pagar este juro. Empréstimos para investimento são não só uma vaca leiteira para os banqueiros como também contribuem para mais actividade económica. Tornar disponíveis empréstimos para investimentos seria um papel útil dos bancos para a sociedade.

Em contra partida, empréstimos para os gastos de consumo normalmente não contribuem para mais consumo. É verdade que, graças ao crédito ao consumidor, a compra de um artigo verifica-se mais cedo. Contudo, esta vantagem é compensada por um período mais longo de poder de comprar diminuído do consumidor. O consumidor deve não só ganhar o dinheiro para a sua compra como também para o juro. Portanto ele comprará menos bens de consumo com os seus salários. Quando o consumidor paga o juro ao banco, apenas uma parte deste dinheiro será destinada a salários de empregados do banco e apenas uma parte destes salários serão gastos em bens de consumo. Assim, o crédito a bens de consumo ao invés disso leva a uma diminuição das compras totais de bens de consumo.

Para onde vai o dinheiro?

Depois de o tomador ter gasto o dinheiro do seu empréstimo torna-se imprevisível quantos possuidores sucessivos utilizarão este dinheiro. Alguém pode adquirir o dinheiro emprestado através da venda de um carro ao seu tomador. O vendedor pode então pagar o dinheiro como salários. O receptor do salário pode então utilizar o dinheiro para pagar o arrendamento da sua casa. De facto, assim que o dinheiro entra no grande pátio de recreio das transacções entre pessoas, ele pode servir para todas as finalidades em que o utilizamos.

Durante o tempo de vida dos empréstimos, o dinheiro é transferido de banco para banco cada vez que os titulares da conta fazem pagamentos a titulares de conta em outros bancos. Para esta finalidade, o banco central mantém uma conta para cada banco e executa estas transferências.

Por vezes é mais prático utilizar papel moeda e moedas metálicas. No banco ou numa caixa automática multibanco alguém pode retirar dinheiro da sua conta. Quando ele é gasto, o receptor leva-lo-á para o seu banco, fará um depósito, e verá a quantia aparecer na sua conta. O dinheiro pode assumir a forma de cash ou números em contas bancárias. Para os pagamentos, não importa a forma que assuma.

Onde acaba o dinheiro?

O dinheiro acaba quando o tomar paga de volta ao banco o principal do empréstimo. Nesse momento o banco transfere dinheiro das contas de depósito dos tomadores para as suas contas de crédito. A conta de crédito mostrará que a dívida do tomador foi reduzida. O dinheiro entrou em existência pela colocação de números na conta do tomador e desvaneceu-se pela redução destes números.

O tomador do empréstimo também paga juros ao banco. Os juros não fazem parte do dinheiro que o banco creditou a este tomador. O tomador deve trabalhar e obtê-lo de outro dinheiro e circulação. (Por definição, este outro dinheiro faz parte do conjunto de todos os empréstimos por liquidar do país naquele momento.)

Assim, o tempo de vida do dinheiro finaliza quando os empréstimos finalizam. E se todos os empréstimos fossem reembolsados, não seria deixado qualquer dinheiro. Mas, por enquanto, há oceanos de dinheiro e sobre todo este dinheiro os bancos recolhem juros.

Não-banqueiros versus banqueiros

Na sociedade o dinheiro circula. O dinheiro chega a si quando produz ou faz coisas que os outros querem. O dinheiro afasta-se quando você compra coisas ou faz pessoas trabalharem para si. Finalmente você pode poupar algum dinheiro para mais tarde. Os banqueiros fazem isto de forma diferente. Eles simplesmente e permanentemente tomam algum dinheiro dos outros e gastam-no. Isto é baseado no princípio de que o dinheiro é deles, uma vez que foram eles que o criaram. Assim, os banqueiros consideram lógico terem direito a recolher a renda (rent). Na verdade, em alguns países este tributo é chamado "rente" (em inglês "interest"). E embora todos utilizem o dinheiro, o banco sempre cobra este tributo do primeiro utilizador, o tomador do empréstimo. Daqui a pouco veremos como os bancos fazem também os outros utilizadores pagarem.

Bancos não podem ser considerado como empresas comerciais comuns. Eles declararam-se proprietários de todo o dinheiro e fazem com a população paguem renda por ele.

Time-out

Quase todo o dinheiro é temporário. Empréstimos a finalizar têm de ser substituídos por novos empréstimos para manter o dinheiro em circulação. Os empréstimos começam em diferentes momentos e têm diferentes tempos de vida. Muitas vezes o tomador paga de volta uma parte do seu empréstimo a cada mês. Isto significa que cada quantia em circulação tem a sua própria data de maturidade("time-out"), a qual é a data em que se prevê que o tomador o pague de volta.

A quantia total de dinheiro em circulação determina quanto dinheiro nós dispomos para as nossas transacções e, no longo prazo, estabelece o nível geral de preços dos produtos e serviços.

Transacções

Durante o seu tempo de vida o dinheiro é um meio para transacções. Uma transacção verifica-se quando duas partes consideram-na interessante. "A" considera o dinheiro que obtém mais interessante e "B" considera que o carro de segunda mão que está a comprar mais interessante. Verifica-se um intercâmbio. Agora "A" tem o dinheiro e "B" tem o carro e ambos sentem-se satisfeitos.

Transacções podem incluir um pagamento por valor acrescentado. Quando um padeiro faz pão, ele acrescenta o seu trabalho à farinha, leite e fermento. O trabalho que ele faz representa valor acrescentado. Quando vende o pão a transacção não é apenas uma troca de propriedade, mas inclui pagamento pelo valor acrescentado.

Por si própria, a quantia total das transacções num país não dá qualquer indicação acerca do valor acrescentado, nem acerca do valor dos bens e serviços produzidos num país.

2. Inflação permanente
A inflação dos preços faz-nos perder valor no dinheiro que detemos. Ela pode flutuar um bocado ao longo do tempo. Muitas teorias económicas apresentam explicações sobre as causas. Contudo, estas teorias explicam antes o aumento e reduções de preços entre produtos e serviços. Elas não explicam porque a inflação é permanente. A inflação permanente tem uma causa diferente. Vamos dar uma volta rápida através dos diferentes tipos de inflação. Mas, para começar, eliminaremos a confusão entre o Índice de Preços no Consumidor e inflação dos preços.
Índice de Preços no Consumidor e inflação dos preços

A inflação dos preços leva à insatisfação da população. É por isso que muitos países utilizam um Índice de Preços no Consumidor (IPC), o qual mostra números mais agradáveis. [1], [2], [3] Assim, quando políticos ou responsáveis utilizam a palavra "inflação" eles muitas vezes referem-se a mudanças no Índice de Preços no Consumidor.

O índice é baseado na comparação anual de preço de um cabaz de produtos que uma família "média" precisaria. O conteúdo do cabaz varia de país para país, assim como as regras para o cálculo do índice. Um país pode incluir o custo da alimentação, combustível e habitação; um outro pode deixar estes custos de fora. [4], [5] Alguns países publicam as categorias de produtos que incluem no cabaz [6] , mas os produtos exactos habitualmente permanecem secretos. No entanto, alguns gabinetes de estatística revelam alguns dos truques que utilizam para conseguir índices simpáticos. Exemplo: eles mudam o conteúdo do cabaz periodicamente. Produtos que aumentam demasiado de preço são retirados e substituídos por outros mais baratos. Ou, quando o preço de um produto permanece estável, mas a qualidade melhora, eles contam a melhoria da qualidade como uma redução de preço. Assim, para o computador no seu cabaz, o Dutch Central Bureau for Statistics (CBS) conta uma redução de preço de 64 por cento entre 1998 e 2003! E assim diminui o índice! [7]

Assim, o conteúdo do cabaz é ajustado periodicamente. A justificação é: "quando os preços ascendem, as famílias também ajustam as suas compras". E o que significa esta política para índice? Bem, desde que a família definida não pode gastar mais do que ganha, o aumento de preço do cabaz do índice é automaticamente limitado ao aumentos nos rendimentos. A família definida não pode pagar preços mais elevados.

A menos que indicado, neste artigo a expressão "inflação de preços" refere-se ao aumento real nos preços em todas as transacções e não apenas de algum IPC. E neste artigo "inflação" significa, em primeiro lugar, o aumento do stock monetário. Dentro em breve examinaremos melhor este assunto.

Teoria da inflação pelos custos (Cost-push theory)

A teoria da inflação pelos custos diz que os aumentos dos custos são responsáveis pela inflação dos preços, como salários mais altos, aumentos nos preços de matérias-primas importadas ou aumentos de impostos sobre o consumo. [8]

Teoria da inflação pela procura (Demand-pull theory)

A teoria da inflação pela procura diz que a inflação de preços surge quando a procura excede a oferta. [9] A procura acrescida pode ser provocada por actividades de exportação, reduções fiscais ou crescimento da oferta monetária. Flutuações na procura também podem ocorrer, quando consumidores poupam mais dinheiro e, após algum tempo, começam a gastá-lo outra vez.

Expectativas auto-cumpridas

As expectativas quanto à inflação de preços também afectam a inflação real de preços. Industriais e comerciantes geralmente têm listas de preços, as quais são válidas por seis meses ou um ano. Eles têm de incluir uma percentagem para a inflação esperada. Isto imediatamente aumenta os preços, e assim contribui para a inflação real. O mesmo se passa quanto aos banqueiros. Quando eles emitem empréstimos, prevêem que os juros a serem obtidos em retorno ao longo do tempo serão reduzidos pela inflação, de modo que calculam uma margem extra. O custos extra dos juros contribui para a inflação real.

Aumento do stock monetário

Se as inflações pela procura e pelos custos se verificassem sem expansão do stock monetário, alguns preços ascenderam e outros baixariam. Contudo, vemos antes que alguns preços sobem mais depressa do que outros, mas raramente os preços abaixam. Isto acontece porque, ao longo do tempo, o stock monetário aumenta cada vez mais com os empréstimos por liquidar (outstanding loans). Isto é chamado a inflação monetária.

Ela naturalmente afecta os preços nas transacções, mas nunca por igual. Praticamente, quando mais dinheiro fica disponível, este dinheiro extra cria espaço para aumentos de preço em cada transacção sucessiva. Podemos presumir que quando outros factores inflacionários estão em funcionamento em algum lugar, procura elevada por exemplo, o dinheiro extra levará ali a aumentos de preços extra.

A inflação monetária é a causa dos aumentos de preços gerais e permanente que percebemos no longo prazo. É a única inflação a levar em conta ao longo de anos e décadas.

Inflação, em primeiro lugar, refere-se ao inflacionamento do stock monetário. Isto conduz aos aumentos dos preços médios. Hoje também utilizamos a palavra "inflação" para o aumento dos preços. Mantenha em mente que quando o stock monetário cresce e, simultaneamente, a produtividade cresce, pode acontecer que os preços médios não aumentem ou aumentem menos rapidamente. O dinheiro disponível é disperso entre um grande número de produtos e serviços e isto ajuda a manter os preços baixos.
3. Bancos centrais precisam de inflação
Pode parecer que a inflação mantem-se naturalmente. Quando aumentam preços durante o tempo de vida de empréstimos, novos empréstimos devem financiar mais coisas caras e portanto têm de ser mais elevados. A qualquer momento a causa da inflação seria a própria inflação. Contudo, não é alguma espécie de "moto perpétuo" o responsável pela inflação e sim uma política clara e abertamente admitida dos banqueiros centrais. [10], [11] A inflação é uma componente do nosso sistema bancário.

Tal como exposto anteriormente, a competição entre bancos comerciais garante que eles emitirão a quantia máxima de empréstimos. Portanto, para inflação mais alta ou mais baixa o banco central precisa apenas aliviar ou endurecer a emissão de empréstimos.

O caminho melhor conhecido de os bancos centrais dirigirem a inflação é pela alteração das taxas de juro. Isto significa influenciar potencial tomadores de empréstimo. Nas palavras do Banco Central Holandês (Dutch Central Bank, DNB): "O juro actua como o pedal de aceleração e de travagem da economia. Com um aumento da taxa de juros, os preços diminuirão, ou pelo menos ascenderão menos rapidamente. Com uma diminuição da taxa de juros os preços ascenderão mais depressa". [12]

Um modo de explicar é que quando a taxa de juros se torna mais alta, as pessoas tomarão menos emprestado. E quando menos empréstimos finalizados são substituídos por novos empréstimos, haverá menos dinheiro no país. Ao longo do tempo, você pode comprar mais com cada unidade de moeda. Preços mais baixos. Mas repare no que o DNB acrescentou: "ou pelo menos menos rapidamente". Aqui o banco central não tem intenção de ver os preços mais baixos. Neste caso, aparentemente, ainda se permite que o stock monetário cresça, mas apenas um pouco mais devagar.

Quando o banco central reduz a taxa de juros, a razão é clara: permitir mais empréstimos e permitir que a velocidade de crescimento do stock de moeda aumente. Naturalmente, as taxas de juros também actuam sobre as poupanças. Quando o juro sobre as poupanças é baixo, mais pessoas preferirão gastar o seu dinheiro.

Os bancos centrais não podem dirigir a inflação sobre preços específicos, como os preços do pão, de bicicletas ou de máquinas. Ao invés disso eles dirigem a inflação monetária, o aumento do volume total de empréstimos. O dinheiro extra nunca se dissemina por igual através da economia. Ele ao contrário aumenta os efeitos de outros factores, como elevar os custos ou elevar a procura.

Quando a economia não pode mais absorver a inflação e o dinheiro não se espalha suficientemente, ocorrem bolha. Então, massas cada vez maiores de dinheiro circulam por exemplo nos mercados de acções ou no mercado imobiliário, onde se ganha dinheiro ao forçar o aumento de preços. As empresas também são cada vez mais compradas e vendidas, como se elas fossem brinquedos financeiros.

Embora os bancos centrais admitam que a inflação é parte da sua política, eles de preferência avançam com razões económicas. Elas parecem plausíveis a maior parte das vezes e são enriquecidas com comentários de economistas e jornalistas. Contudo, a maior parte deles esquece, em primeiro lugar, que os bancos centrais precisam de inflação para si próprios.

Inflação: Os bancos centrais precisam de rendimento

Os bancos centrais obtiveram o poder de controlar o volume do stock monetário, ajustar inflação e juro, e ditar as regras para as instituições financeiras. Com este poder podem influenciar a economia. Eles obtiveram leis para reter este poder. Se dependessem de outros para o seu rendimento, o seu poder poderia desgastar-se rapidamente outra vez. Isto acontece porque eles arrecadam o seu próprio rendimento. [14], [15]

Os bancos centrais obtêm o seu rendimento de operações monetárias. Uma fonte muito lucrativa de rendimento é tomar emprestado quando o juro é baixo e emprestar quando é alto. Nas operações monetárias o objectivo é como se segue. Quando os juros nos bancos comerciais reduzem-se demasiado (procura baixa), o banco central empresta grandes volumes de dinheiro dos bancos. Desta forma haverá menos dinheiro deixado em circulação. Portanto, a procura por empréstimos aumentará outra vez e os juros nos bancos comerciais subirão novamente. Em outros tempos, quando os juros nos bancos comerciais ficavam demasiado altos, o banco central emprestava dinheiro aos bancos, de modo a que eles pudessem fornecer mais empréstimos aos seus clientes e finalmente os juros baixassem outra vez. [16] Quanto maiores as diferenças nos juros entre a tomada e a concessão de empréstimos, mais elevados serão os benefícios para o banco central.

Para conseguir rendimento destas operações, a inflação é essencial. Sem inflação, as taxas de juro permaneceriam baixas. [17] Nesse caso dificilmente haveria qualquer diferença entre juros altos e baixos. Relacionado com este comércio, os bancos centrais também expandem os seus balanços. Eles compram mais títulos (emprestam mais dinheiro) do que vendem.

Muitos bancos centrais dizem que querem manter a inflação em torno dos 2 por cento. O que querem significar com isto é um aumento de 2 por cento no Índice de Preços no Consumidor do seu país [11], não a inflação real do stock de moeda, a qual normalmente é um bocado mais alta. [3]

Inflação: faz a população pagar pela utilização do dinheiro

A inflação é não só uma necessidade para o rendimento dos bancos centrais como também um meio de exercer poder sobre os utilizadores da moeda. Através da inflação monetária a população paga – mesmo contra a sua vontade – pela utilização da moeda. Os bancos recolhem juros dos tomadores de empréstimos. Por este meio apenas os tomadores dos empréstimos parecem pagar pela moeda criada. Mas vamos ver como isto funciona quando há inflação.

Através da inflação, o tomador do empréstimo tem a vantagem de que os seus pagamentos ao banco representam menos valor à medida que passa o tempo. Tais pagamentos referem-se aos juros e ao retorno do principal. Os juros constituem rendimento para o banco. Podemos estar certos de que o banco previu a inflação e cobrou um pouco mais de juros adiantadamente. Assim, para os juros, a inflação não proporciona uma vantagem ao tomador do empréstimo. Contudo, para o principal isto é diferente. O banco apenas necessita da sua quantia nominal para ser reembolsado pois, com o reembolso, apenas os números teclados, com os quais começou o empréstimo, têm de ser reduzidos a zero. A desvalorização das quantias a reembolsar pelo principal certamente é uma vantagem para o tomador do empréstimo.

A vantagem do tomador do empréstimo nos pagamentos do principal pode ser calculada separadamente para cada prestação. E quando também calculamos a inflação suportada pelos utilizadores seguintes do dinheiro criado por este empréstimo, os totais parecerão serem aproximadamente os mesmos.

Neste exemplo a linha vermelha mostra a quantia total das transacções efectuadas com o dinheiro do empréstimo durante o tempo de vida do principal. A perda de valor da inflação é dissimulada nas 60 transacções. Quando a inflação é de 2 por cento, esta é em média 0,167% por transacção. A perda de valor para os utilizadores do dinheiro equivale à vantagem para o tomador.
Dito de forma simples, se os tomadores tiverem de pagar 6 por cento de juros (sobre o principal) e tem a vantagem de 2 por cento da inflação (sobre o principal), a sua vantagem equivale a 2/6 dos juros. [18] Os utilizadores do dinheiro perdem uma quantia igual com a inflação. Os bancos não perdem. Eles previram a inflação e cobraram um pouco mais de juros adiantadamente.

Por outras palavras, isto é o que faz a política de inflação dos banqueiros centrais: comuta uma parte do fardo dos juros dos tomadores dos empréstimos para os utilizadores. Deste modo os utilizadores pagam juros pelo uso do dinheiro!
Manipulando inflação e juros

Com a autoridade de estabelecer inflação e juros os banqueiros centrais têm o poder. Eles podem fazer-nos poupar mais, investir mais, consumir mais, especular mais e sempre trabalhar mais arduamente.

Como mostrado acima, a inflação é juro que os utilizadores de dinheiro têm de pagar. A inflação pressiona a população a trabalhar mais arduamente e a competir para obter algum do dinheiro extra colocado em circulação e compensar a perda de valor do dinheiro que detêm.

A inflação também pressiona as pessoas a não manterem dinheiro nos seus bolsos ou sob os seus colchões, mas a gastá-lo ou levá-lo aos bancos para obter algum juro. Deste modo, a maior parte do dinheiro permanece disponível para os bancos.

Quando o juro for alto, as pessoas pouparão mais. Quando for baixo, as pessoas preferirão gastar, tomar emprestado e investir.

O que consideramos interessante fazer um momento particular depende em grande medida daquilo que o banco central quer que façamos.

4. Caprichos do stock monetário
Como mencionado acima, o stock de moeda que a sociedade dispõe é a quantia total dos empréstimos por liquidar. Em si mesmo isto é muito estranho. Pois o que deveria ser a relação entre os empréstimos por liquidar e a necessidade de dinheiro na sociedade? O que terá a ver a necessidade dos tomadores de empréstimos e a sua capacidade de reembolsar com a necessidade de dinheiro do resto da sociedade? Se você comprar uma casa amanhã e, com o seu empréstimo, trouxer à existência dinheiro para vinte anos, o que nada tem a ver com as necessidades da economia em dez ou quinze anos, por que isso importa?

De facto, a sociedade desfaz-se de um arriscado stock monetário, ocasionado pelos empréstimos emitidos no passado, e da parte que ainda tem de ser reembolsada. A cada dia partes são reembolsadas e novos empréstimos são contraídos. Devido ao volume gigantesco do stock monetário a população dificilmente percebe as variações. Em teoria, os bancos centrais poderiam centralizar toda a inflação acerca dos empréstimos por liquidar e saber exactamente quanto dinheiro será deixado dos empréstimos amanhã, dali a dois dias ou dali a dez dias. Contudo, como mencionado acima, esta não é a pollítica dos bancos centrais. Eles apenas fazem o stock de dinheiro crescer.

Há teorias que dizem que sem inflação a economia não poderia ser pilotada. Um dos argumentos chave é que, quando o stock monetário não aumenta os salários não podem ser rebaixados quando necessário devido a uma adversidade económica. "Os salários pagos teriam de ser reduzidos e os empregados nunca aceitariam isso". E "quando o stock de moeda aumenta os cortes nos salários podem ser escondidos deixando que os salários aumentem menos rapidamente do que a inflação". Assim, entendem os proponentes destas teorias, aquela inflação é o trapacear do povo e, argumentam, não pode ser de outra forma. Mas a sua teoria não é verdadeira. Pois, com um stock monetário estável, alguns preços ascenderiam enquanto outros reduzir-se-iam. A aceitação do povo de variação nos salários seria muito diferente da situação de hoje, em que, desde há décadas, os preços apenas ascendem. Além disso, com um stock de moeda estável, é mesmo possível manter os salários pagos estáveis durante uma adversidade económica se durante a prosperidade económica o rendimento extra for formado por participações em lucros e reduções fiscais.

O sistema monetário de hoje não começou de uma quantidade de moeda que fosse ajustada às necessidades da economia. O sistema de hoje apenas garante que os bancos recolham juros sobre todo o dinheiro existente, que a competição entre eles provoque a máxima inflação monetária e que os bancos centrais assegurem o seu rendimento e poder. O estímulo da economia consiste de simplesmente de um pouco mais ou um pouco menos de juro e inflação. Pois o resto da economia deve lidar com o dinheiro que acontece estar ali num momento particular.
5. A guerra contra o Iraque
O dinheiro é expresso em divisas. Cada país tem uma divisa oficial. Nos EUA é o dólar. O dólar também é um bocado utilizado fora dos EUA. Desde 1973 a quantidade de dólares fora dos EUA aumenta cada vez mais rapidamente. Metade das suas importações são pagas com dólares, pelos quais os EUA nada entregam em retorno. Aqueles dólares permanecem no exterior indefinidamente. Deste modo os EUA compram a cada minuto 1,25 milhão de dólares de bens e serviços de outros países, pelos quais os outros países nada obtém em retorno. As quantias são simplesmente acrescentadas à dívida externa. Esta dívida é tão alta agora que os EUA não podem resgatá-la mais. Assim, os EUA estão em bancarrota. Uma das principais razões porque todo o mundo ainda quer dólares é porque quase todo o gás e petróleo no globo tem de ser pago em dólares. Deste modo, os EUA também têm a vantagem de que podem sempre dispor livremente destas reservas de gás e petróleo. Pois os EUA podem sempre criar tantos dólares quanto quiserem para pagar pelas mesmas. Assim, para manter a procura mundial por dólares e dispor livremente das reservas de gás e petróleo, os EUA tentam garantir que os países da OPEP continuem a vender o seu petróleo em dólares. Contudo, o Iraque, que dispõe das segundas maiores reservas de petróleo do mundo, comutou para o Euro em 6 de Novembro de 2000. [19] Embora os EUA procurassem durante muitos anos um meio de restabelecer a sua influência no Iraque, a guerra tornou-se inevitável por causa desta comutação para o Euro. O dólar afundou em toda a parte e em Julho de 2002 a situação tornou-se tão séria que o FMI advertiu que o dólar poderia entrar em colapso. [20] Uns poucos dias mais tarde os planos para um ataque foram discutidos na Downing Street. [21] Um mês depois Cheney proclamou estar seguro de que o Iraque tinha armas de destruição em massa. [22] Com este pretexto os EUA invadiram o Iraque em 19 de Março de 2003. Os EUA restabeleceram o comércio de petróleo em dólares a 5 de Junho de 2003. [23] Assim, agora, pelo menos financeiramente, os EUA dispõem livremente das reservas de petróleo iraquianas outra vez. (E enquanto jornalistas em Bagdad jornalistas relatam acerca da guerra, em Bassorá o petróleo é exportado em dólares). A partir da Primavera de 2003 o Irão também comutou para o Euro e desde 8 de Junho de 2006 a Rússia vende o seu gás e petróleo em rublos. (Pode ler mais explicações e pormenores em "Custos, malfeitorias e perigos do dólar". [24] Nota: por trás do conflito dos EUA com o Irão há mais do que um conflito de divisas. Nos bastidores também está a formação de um cartel no mercado mundial de combustível nuclear. Pode ler mais acerca disto em "Raid on nuclear fuel market"[25]).
6. Opressão de países do Terceiro Mundo
A vantagem das importações gratuitas (1,25 milhão de dólares por minuto) só se aplica quando os dólares ficam no exterior permanentemente. Se outros países os utilizassem para comprar bens e serviços dos EUA, então não haveria vantagem. Mas desde há 30 anos os EUA importam mais do que exportam. Como mais ninguém, eles dominam a arte de manter os dólares no exterior.

Exemplo: o Banco Mundial e os FMI fornecem empréstimos em dólares a países do Terceiro Mundo desde a década de 1960. A política é fornecer tantos empréstimos quanto possível, de modo que estes países nunca serão capazes de reembolsá-los. [26] Deste modo eles ficam eternamente enterrados em empréstimos e encargos de juros crescentes. Assim, a chamada "ajuda" a países em desenvolvimento é nada mais do que opressão. E o trombeteado alívio da dívida por parte dos países industrializados dificilmente chega a 1 por cento. [27]
7. A arma da China
O governo chinês não quer livre comércio com dólares dentro do seu país. Os dólares ganhos pelos exportadores chineses são trocados contra moeda local pelo Banco Central Chinês. O Banco Central Chinês tem um enorme stock de dólares. Em Março de 2007 cerca de 1 milhão de milhões de dólares. [28] Isto constitui de facto uma arma bastante efectiva contra eventual agressão dos EUA. Quando a China quiser, ela poder oferecer cargas de dólares nos mercados de câmbio e empurrar a taxa do dólar para baixo, ou até mesmo fazer com que o dólar entre em colapso imediato. [29]
8. Inflação e crescimento económico
Nosso sistema monetário, dominado por bancos, juros e inflação, já existia quando nascemos. Ele faz parte da nossa envolvente natural. É por isso que é difícil ver que influência tem na nossa vida e na nossa sociedade. Tudo o que pudéssemos dizer acerca disto poderia ser facilmente julgado como normal. Não conhecemos melhor. Os efeitos do sistema estão por toda a parte, mesmo na nossa forma de pensar e nas nossas convicções.

Assim, consideramos auto-evidente que a economia só possa ser sã quando está a crescer. O conceito de "crescimento económico" foi canonizado por economistas, políticos e toda a gente que entende ou pensa que entende a sociedade. Na Europa Ocidental e na América do Norte esforçámo-nos com êxito pelo crescimento económico desde o arranque da revolução industrial. O sistema comprovou-se.

Não é um acaso que o nosso sistema monetário esteja baseado na inflação eterna e a nossa economia no crescimento eterno. Alguns banqueiros espertos conceberam o sistema desta forma no princípio do século passado. [30] Juros e inflação constituiriam um rendimento permanente para os bancos, como contra-partida do malabarismo de simplesmente extraírem dinheiro dos seus chapéus. Os empréstimos conduziriam a mais actividade económica. Governos e populações viriam e implorariam por mais empréstimos. Isto ajusta-se perfeitamente nos desenvolvimentos da área industrial. A mecanização, mineração, agricultura extensiva, recursos coloniais, aumentos de escala, competição entre países, guerras e reconstruções, o crescimento explosivo das populações, trabalhadores estrangeiros, mulheres no trabalho, o desenvolvimento do sector de serviços, o boom na tecnologia dos computadores, tudo isto leva ao crescimento económico. Crescimento económico era sinónimo de prosperidade. Hoje, na Europa Ocidental, ainda falamos em termos de crescimento económico. Devido à redução do crescimento populacional isto agora só pode ser obtido por uma pressão cada vez maior no trabalho por empregado. Os caminhos do crescimento económico e da prosperidade divergem.

A inflação funciona como a cenoura diante do focinho do burro. Todos começam a correr mais arduamente a fim de obter algum do dinheiro extra que foi colocado em circulação. E enquanto a correr, ninguém escapa ao pagamento pela utilização do dinheiro. Graças à inflação todos participam no pagamento de juros aos bancos. E se, em consequência de todos nós corrermos mais intensamente, nos tornarmos mais ricos, podemos ter quase a certeza de que os juros serão aumentados. No jargão bancário diz-se então que a economia está super-aquecida e tem de ser arrefecida. Até devermos correr mais intensamente outra vez.

Expansão à escala mundial

Enquanto isso os próprios bancos tornaram-se extravagantes. Com os seus truques malabares eles conquistaram o bundo. Por toda a parte os bancos tomaram o poder sobre o dinheiro e fazem a população pagar os juros e a inflação. Por toda a parte, excepto na China, os bancos centrais conseguiram leis especiais a fim de estabelecer – independentemente da vontade do governo local – o nível de juros e de inflação. Após a Europa Ocidental e a América do Norte outros países estão agora a desenvolver a sua economia. Para os bancos isto significa que novos governos e populações, as quais querem dinheiro tirado do chapéu.

De facto não faz grande diferença se os bancos centrais são privados ou bancos estatais. Praticamente todos eles obtiveram um status especial que lhes garante um alto nível de independência em relação ao governo local. Juntamente com os bancos comerciais, eles determinam quantos empréstimos são emitidos, quanto dinheiro a sociedade dispõe e quanto a população tem de pagar.
9. Crescimento ulterior ou uma sociedade sustentável?
A política da maior parte dos bancos centrais é baseada no crescimento permanente do stock de dinheiro. Na Europa Ocidental e na América do Norte este crescimento do dinheiro acompanhou o crescimento da economia e o crescimento da população. Enquanto isso, o mundo mudou bastante. A expansão explosiva da população e a expansão de actividades económicas aumentou tremendamente a pressão sobre o ambiente. Áreas férteis foram ocupadas pelos humanos. Florestas foram transformadas em terra agrícola e cidades. Muitas espécies foram exterminadas. A maior parte do peixe dos mares e oceanos foi pilhada. Com o rápido crescimento da população mundial a poluição de solos, água e ar ainda aumenta mais. Em muitos lugares há escassez de alimentos e água potável. Os prognósticos indicam que, com as tendências actuais, a população mundial continuará a crescer rapidamente e chegará mesmo a duplicar. As linhas no gráfico foram desenhadas como se isto fosse possível...

Limites do crescimento

A Terra não cresce juntamente com a expansão das nossas economias e populações. Pela primeira vez na história humana encontramos os limites. Naturalmente, não temos qualquer ideia do que fazer. A igreja e o Estado sempre costumavam pregar crescimento. Os banqueiros também gostam do crescimento. Limites à população mundial? Ninguém no poder ousa queimar os dedos com este assunto.

Onde está este limite? Isto depende do que queremos como humanidade. Se quisermos alcançar a qualidade vida mais alta possível – para nossos filhos e netos – não deveríamos sobrecarregar a Terra mais do que o estritamente necessário. Deveríamos esforçar-nos por uma população mais pequena. Isto também afastaria a principal razão para conflitos e guerras.

A política de hoje é completamente oposta às necessidade de uma sociedade pacífica e sustentável. O sistema monetário desempenha um papel chave. São necessárias reformas. Quanto mais tempo esperarmos, mais difícil se tornará o futuro.
Notas e referências

[1]http://www.mw.ua/2000/2020/52764

[2] "… o valor de referência (4,5%) do crescimento do MS numa base anual. Este valor de referência para o crescimento monetário é baseado num potencial de crescimento económico de 2,0% a 2,5%, numa inflação de menos de 2,0% no médio prazo e num declínio a longo prazo da velocidade do dinheiro em 0,5% a 1,0% ao ano".http://www.dnb.nl/dnb/home/file/ar03_tcm47-146939.pdf

[3] "Em 2003, a oferta monetária (M3) na área do Euro cresceu a uma taxa de 8,0%, bem acima do valor de referência oficial de 4,5%".http://www.dnb.nl/dnb/home/file/ar03_tcm47-146939.pdf

[4]http://bigpicture.typepad.com/comments/2005/09/the_history_of_.html

[5]http://www.goldandsilverexchange.info/consumer-price-index.html

[6]www.cbs.nl/en-GB/menu

[7]www.cbs.nl/NR/rdonlyres/

[8]www.tutor2u.net/economics/

[9]http://www.britannica.com/eb/article-3512/inflation

[10]http://www.dnb.nl/dnb/home/rente_en_inflatie/algemeen/nl/46-150027.html

[11] "A estabilidade de preços é definida como aumento ano a ano do Índice Harmonizado de preços no consumidor (HICP) para a área do Euro abaixo dos 2%".http://www.ecb.int/mopo/strategy/pricestab/html/index.en.html

[12]http://www.dnb.nl/dnb/home/rente_en_inflatie/algemeen/nl/46-150027.html

[13]http://www.cbc.ca/news/background/economy

[14]http://www.bis.org/speeches/sp050218.htm

[15]http://financial-dictionary.thefreedictionary.com/facility

[16]http://news.bbc.co.uk/2/hi/business/6938425.stm

[17]http://www.house.gov/jec/fed/05-19-03.pdf

[18] A vantagem real depende de cada calendário específico de amortização do empréstimo. Vale a pena comparar.

[19] Iraqi oil in euros:http://www.un.org/Depts/oip/background/oilexports.html

[20] Advertência do FMI sobre o colapso do dólar:http://news.bbc.co.uk/1/hi/business/2097064.stm

[21] Downing Street Memo:http://www.timesonline.co.uk/tol/news/uk/article387374.ece

[22] Cheney:http://english.aljazeera.net/News/archive/archive?ArchiveId=2480

[23] How can the dollar collapse in Iran?http://www.raisethehammer.org/index.asp?id=252 (See Iraq)

[24] "Custos, malfeitorias e perigos do dólar"http://www.courtfool.info/pt_Custos_malfeitorias_e_perigos_do_dolar.htm

[25] "Raid on nuclear fuel market."http://www.courtfool.info/en_Raid_on_Nuclear_Fuel_Market.htm

[26]http://www.cadtm.org/spip.php?article2211

[27]http://www.aidc.org.za/?q=book/view/40

[28]http://news.xinhuanet.com/english/2007-05/11/content_6083732.htm

[29]www.telegraph.co.uk/money/main.jhtml?xml=/money/2007/08/07/bcnchina107a.xml

[30] G. Edward Griffin, The Creature of Jekyll Island

• Outra leitura acerca de particularidades do Federal Reserve, o banco central dos EUA: MeetTheSystem.org .

Setembro 2007
Contacto através de www.courtfool.info , onde podem ser publicadas reacções e respostas. É autorizada a republicação deste artigo em jornais e sítios web.

O original encontra-se em http://www.courtfool.info/en_Secrets_of_Money_Interest_and_Inflation.htm
Este artigo encontra-se em http://resistir.info

Tuesday, April 29, 2008

RAFAELA - O SIGNIFICADO CUBANO DA PALAVRA MILAGRE!

O significado cubano da palavra milagre.
Mal abre a porta e o mundo gira num barril de esponja, anos de vida para o ver cair ao canto da sala. Pediu dinheiro em latas. Nas lojas. Deu o que tinha. Fez-se luz e não há-de parar. “Vocês viram.”

Os olhos de mãe brilham mas o médico pede calma. Sorri. Rafaela não é um peso morto, o corpo mole que nem sustinha a cabeça. “Há-de ser independente”. E vale por tudo. Da luz do dia à comida que Tânia quase não vê. “Abdiquei. Como restos de pão, cá me arranjo. Mas olhem que ela não fazia isto”, a filha de três anos que já se agarra e levanta. “Talvez no fim se equilibre. Que orgulho.” Um ano depois de Cuba e 30 mil euros em esperança. Partiram de São João da Madeira “sem diagnóstico mas com suspeitas de tudo”. Doença metabólica ou muscular. Nada. Foi bebé apático e bolsava de jacto. Não retinha comida e só perdia peso. “Pequeno atraso”, diziam no Porto. Rafaela tem lesão estática no sistema nervoso central e aposta tudo no país da neurociência.
A primeira fase de tratamento em Cuba foi de tal forma positiva que permitiu - logo na primeira semana - estabelecer um diagnóstico da doença e fazer com que a menina regressasse a Portugal com alguns sinais de melhoria bastante significativos.
O programa de Neurodegenerações consiste numa estratégia terapêutica que combina métodos farmacológicos, cirúrgicos e de neuro-reabilitação, que, com base nas propriedades de recuperação do Sistema Nervoso, permite compensar as alterações existentes e estimular a restauração estrutural e funcional da actividade nervosa danificada, quer em doentes afectados por sequelas de lesões agudas, quer pelos portadores de doenças crónicas do Sistema Nervoso, sendo as mais frequentes:

Transtornos do Movimento e NeurodegeneraçõesDoenças Neuromusculares e Escleroses MúltiplasLesões RaquimedularesLesões Estáticas EncefálicasNeurologia Infantil

Divulgado em : forum.autohoje.com

Testemunho de Tânia, mãe da Rafaela no Regional on line

Testemunho Tânia Cordeiro - mãe da Rafaela O meu nome é Tânia Cordeiro, tenho 34 anos, vivo na cidade de São João da Madeira e sou mãe da doce e simpática Rafaela, de 4 anos de idade.A minha filha sofre de uma Lesão Estática a Nível do Sistema Nervoso Central, onde se observa um atraso do desenvolvimento psicomotor em todas as esferas, tanto na área da motricidade fina, motricidade grossa, como linguagem e locomoção.Verifica-se também alterações de conduta, devido à hiperactividade e ao défice de atenção.Resumindo, a Rafaela não caminha, não fala e as suas brincadeiras são muito limitadas.Em Julho de 2006, surgiu a esperança de melhorar a qualidade de vida da minha filha, na Clínica CIREN, em Cuba, onde foi descoberto o seu actual diagnóstico.Regressei novamente a Cuba, com a Rafaela, em Maio (3 ciclos) e Outubro (2 ciclos) de 2007.Voltarei a Cuba, sempre que se proporcione essa oportunidade, uma vez que a continuação destes tratamentos depende unicamente da solidariedade de todos os portugueses, pois eu não reúno condições financeiras para estes tratamentos intensivos.Deposito muita confiança no CIREN, pois aqueles médicos e terapeutas cubanos fizeram nascer dentro de mim uma nova esperança, ao dizerem- -me que a Rafaela tem todas as hipóteses de se tornar uma menina autónoma.Dou o meu testemunho em como a minha filha melhorou imenso ao ser submetida a um tratamento neuro-restaurativo multifactorial intensivo – ciclos de 28 dias contínuos – 7 horas diárias, de segunda a sexta-feira, e aos sábados, 3½ horas, durante a manhã.Acrescento que não é fácil ausentar-me por um determinado período de tempo, ficando longe do meu país, da família, do trabalho e dos amigos, mas... em prol dos filhos todos estes sacrifícios são poucos.Ficarei eternamente grata àquela equipa fantástica de médicos, terapeutas e enfermeiras, que sempre trataram a minha filha com muito amor, carinho, paciência e muito profissionalismo.Para comigo, há e haverá sempre uma palavra amiga, um conforto numa hora menos boa, uma amizade para sempre, um carinho, que fazem com que não me sinta a km’s de distância da minha família.São simplesmente pessoas maravilhosas!!!CIREN – um mundo que eu desconhecia.E porquê?Porque no CIREN descobri que não sou a única mãe a lutar por uma melhor qualidade de vida para a minha filha. Lá existem muitas mães como eu. Não me considero uma SUPER-MÃE, mas, sim, uma mãe especial, como todas as que passam por esta clínica.ESPECIAL?Sim! Porque somos mães de crianças especiais, maravilhosas, lutadoras e isso dá-nos o estatuto de mãe e pai especiais.Confesso-vos que, com o nascimento da minha filha, toda a minha vida mudou, vivo em função do seu bem-estar. Abdiquei de muita coisa na minha vida pessoal e profissional e não me arrependo de nada, pelo contrário, passava por tudo novamente, se necessário.Sou uma mãe feliz!O encanto pela minha filha fez-me crescer, coisas que me passavam ao lado agora não passam despercebidas, a determinados assuntos e situações dava demasiada importância, agora... são banais.
No lugar das lágrimas e dos porquês constantes, ofereço agora à minha filha, sorrisos , beijos e abraços.Ofereço simplesmente amor!Para finalizar, queria deixar claro que, quando algumas pessoas dizem ou pensam que a Rafaela é para mim uma cruz... enganam-se.Considero que foi uma missão que m foi entregue.E se Deus me destinou esta missão, é porque achou que eu, como mãe, era capaz. Capaz de cuidar da minha filha, capaz de transformar a história de esperança da Rafaela numa simples história de encantar.Um especial obrigado, ao Infantário Santa Filomena.
Como ajudar?
Caixa Geral de Depósitos:
NIB: 003507350005352890063
IBAN: PT50003507350005352890063
BIC: CGDIPTPL

Tânia Cordeiro

Estou ao dispor para qualquer esclarecimento: 912433738

e-mail pessoal: taniaraq@gmail.com


Dep. Técnico de Qualidade_ Laboratório
Sinflex - Ind. Molas Técnicas, Lda
Telf. 256 880 370
Fax 256 880 379
E-mail: tania.cordeiro@sinflex.pt

Monday, April 14, 2008

Solidariedade para com a Rafaela

Estimados amigos e leitores de A VOZ DO POVO, o apelo que aqui transcrevo é mais uma das muitas situações que se nos deparam e que nos tocam. Neste caso concreto que me chegou, em especial a dedicação desta mãe, que tudo tem feito para ajudar a sua filhinha a Rafaela. Tem a particularidade de ser um caso que tenho seguido desde o inicio, porque tem sido divulgado na empresa aonde trabalho. Desta vez, pensei em alargar a ajuda, colocando esta informação, aqui no nosso blogue e com a certeza de que chegará mais longe com a ajuda de todos vós, leitores e bloggers, ajudem conforme puderem e divulguem, aumentando assim as probabilidades de êxito da Rafaela e da sua mãe!
Victor Simões
*******
Faz agora 2 anos em Julho que iniciei a campanha da Rafaela, para poder oferecer à minha filha uma melhor qualidade de vida. A minha luta em continuar a ajudar a minha filha , está longe de terminar e para isso necessito a ajuda de todos os amigos, para poder divulgar de forma a que todos juntos possamos ajudá-la. Mais do que nunca, eu e a Rafaela precisamos de todo o vosso apoio e amizade, pois eu encontro-me a viver sozinha com a minha princesa. Ela é um amor, um doce de criança ,é a razão do meu viver e da minha luta. O sorriso lindo da minha filha dá-me forças para levar o meu dia a dia. Peço a vossa AJUDA, no sentido de divulgar o caso da Rafaela, pois ao unirem-se a mim irão ajudar-me a transformar a história da Rafaela numa simples história de encantar. Acrescento apenas, que a Rafaela , sofre de uma lesão estática a nível do sistema nervoso central que lhe afectou a parte psicomotora. As fotos anexadas, demonstram todo o esforço e vontade e vencer! Por favor ajudem-me a ajudar a minha filha, pois estou a ficar sem ajudas para voltar a CUBA e retomar os tratamentos.


NOME : RAFAELA FILIPA CORDEIRO AGUIAR (conta CUBA)
NIB: 0038 0074 01400311771 20
IBAN: PT50 0038 0074 01400311771 20
BIC: BNIFPTPL

Estou ao dispor para qualquer esclarecimento: 912433738

(TÂNIA CORDEIRO)

Por favor qualquer ajuda será excelente para a minha Princesa poder evoluir.

Muito Obrigada

Cumprimentos

Tânia Cordeiro

Dep. Técnico de Qualidade_ Laboratório
Sinflex - Ind. Molas Técnicas, Lda
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Fax 256 880 379
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Saturday, March 31, 2007

Orçamentos dos Gabinetes dos actuais Governantes


Caros leitores, segundo o Jornal O Público " O Tribunal de Contas, arrasa contas dos últimos três Governos. Falta de transparência nos processos de admissão, total discricionaridade na tabela salarial e mesmo situações ilegais.

Tomando apenas em consideração os 184 gabinetes estudados e validados (de um total de 205, para o período), as despesas de funcionamento foram de 151,5 milhões de euros. O Governo de Sócrates é o que sai melhor do retrato, apresentando cerca de 36,5 milhões de euros de despesas com pessoal, bens e serviços, contra 36,7 do Governo de Santana Lopes, e 77 milhões de euros do executivo de Durão Barroso. Mesmo tendo em conta que o período analisado em que Barroso foi primeiro-ministro é cerca do dobro do dos seus sucessores, o estudo indica uma contracção da despesa em 2005.

Por outro lado, no entanto, o relatório indicia que o Governo de José Sócrates terá sido aquele que mais admissões permitiu e que mais recorreu a formas pouco transparentes no processo de recrutamento. Numa amostra de 30 gabinetes analisados com mais pormenor, verificaram-se 484 admissões, sendo que, de entre estas, 74 foram de especialistas. "

E assim se desbaratam os dinheiros públicos, assim se pede ao povo para apertar o cinto, tenta-se reduzir o défice à custa de sobrecarga de impostos e expoliam-se os que já pouco lhes resta, ou seja os reformados. Estes senhores que nos têm governado, não têm mesmo um pingo de vergonha na cara. Veja-se quanto gasta cada gabinete ministerial, para vergonha dos portugueses, se atentarmos nas rubricas, são de fazer corar. O despudor e a falta de seriedade e compromisso com o povo que os elegeu, estão bem patentes.
O Ministro dos assuntos Parlamentares, Prof. Dr. Augusto Santos Silva é de todos o mais económico, com um orçamento que me parece honesto e adequado, daí o destaque aqui no nosso blogue. Deixarei todos os outros à consideração e análise dos leitores.

Obs: Clique nas imagens, para ver em tamanho maior








Saturday, March 10, 2007

Artigos Selecionados - ‘Os grandes portugueses’

Publicado no «PRAVDA.Ru»

“Custa a crer que alguém, em seu perfeito juízo, se lembre de perguntar se Aristides de Sousa Mendes foi pior ou melhor que D. João II e proponha decidir o dilema por meio do sufrágio popular. Mas a Direcção de Programas da RTP considerou genial a ideia de pôr à votação a preferência do público por uma de dez grandes figuras da História nacional. Como em todos os concursos e competições, teria as audiências garantidas. Responderia de forma espectacular à persistente acusação de a RTP, enquanto serviço público, fazer muito menos do que deve pela cultura intelectual e artística do povo português e teria a vantagem de estimular louváveis sentimentos patrióticos. Por isso, a Direcção de Programas escolheu, para abrilhantar o concurso, figuras mediáticas capazes de atrair mais público e criou programas para recriar ambientes históricos e reconstituir dramas e batalhas.

Mas teve medo de exigir demasiado dos telespectadores. Para compensar o esforço intelectual que lhes pedia, condimentou a disputa espalhando algum cheiro a sangue. Com ajuda dos comentadores de serviço, difundiu o boato de que o vencedor seria Salazar e que, nas finais, ele se defrontaria com o seu grande adversário, Álvaro Cunhal. O programa atrairia assim o máximo das audiências. Chamaria a atenção não só dos consumidores de toda a espécie de concursos mas também do público sensível à excitação das votações partidárias. Partindo do princípio de que, quanto mais rasteiro fosse o nível dos programas, maiores seriam as audiências, tratou de simplificar o quadro histórico e de diluir o rigor das referências. Assim, por exemplo, por meio de uma sensacional aproximação, tentou demonstrar que a maior glória de Afonso Henriques foi ter fundado um país que até tinha conseguido chegar às finais do Euro-2004. As batalhas que o nosso primeiro rei venceu, com armaduras do século XV, prefiguravam as vitórias portuguesas nos campeonatos internacionais, e até o milagre de Ourique anunciava tão ‘impossível’ sucesso.

Estas subtis comparações fariam o público compreender intuitivamente o segredo da alma nacional e confirmar os seus sentimentos patrióticos. Os saudosistas do antigo regime seriam facilmente atraídos ressuscitando o primarismo apologético de um documentário dedicado a Salazar que mais parecia editado pelos serviços de propaganda do Estado Novo. Mas era imperioso evitar a contaminação das abstracções intelectuais. Impedir os académicos de colocar questões metafísicas e de suscitar debates de ideias. Excluir problemas confusos e distinções subtis. Também não era preciso recorrer a profissionais de um jornalismo de conteúdos nem a verdadeiros criadores artísticos, como, por exemplo, da área do teatro. Mais valia renunciar a reflectir sobre o que é a nação e o que representam os grandes nomes da sua História. Bastava consultar os técnicos das audiências. Com toda a razão. São eles que, com as suas sentenças, nem sempre muito consistentes, escolhem (ou julgam escolher) os grandes portugueses de hoje. Veremos se o futuro lhes dará razão.

Entretanto, como profissionais da investigação e do ensino da História, não podemos deixar de lamentar a desinformação e a manipulação que está em curso. A História de Portugal, nas suas complexidades e contradições, nas suas grandezas e misérias, seguramente merecia outra coisa.”

José Mattoso, prof. cat., FCSH/UNL; Fernando Rosas, prof. cat., FCSH/UNL; Luís Reis Torgal, prof. cat., FL/UC; António Reis, prof. aux., FCSH/UNL; Cláudio Torres, arqueólogo; Mirian Halpern Pereira, prof. cat., Dep. História ISCTE; António Manuel Hespanha, prof. cat., FD/UNL; Romero Magalhães, prof. cat., FL Universidade de Coimbra; Eduardo Cintra Torres, mestre em comunicação; Abdoolkarim Vakil, lecturer in Contemporary Portuguese History, King’s College, Londres, e mais 81 investigadores e historiadores universitários.

[Expresso ( excerto ), 03-03-2007] Versão integral do abaixo assinado, divulgado no jornal Expresso

Apoio e subscrevo inteiramente este abaixo-assinado sem restrições. De facto, lamento que o Serviço Público de Televisão - RTP entre no campo da desinformação e da manipulação da História. Aconselho-vos, ainda, a leitura de um magnífico artigo da Citizen Mary - Tempos interessantes… ( Porque História não é uma corrida. Não é um jogo….)

Tuesday, February 20, 2007

A Vida é Bela

Todos os homens podem e devem dizer que a vida é bela
E procurarmos viver de acordo com ela
Os sofrimentos sempre fizeram parte do nosso viver
O importante é enfrentarmos os mesmos sem maldizer

Antigamente idosos e enfermos eram um tesouro
Atualmente estes seres são tratados com desaforo
A eutanásia só aguarda aprovação
Pra facilitar antecipar a morte do cidadão

Basta a pessoa tornar improdutiva
Pra família tratá-la como barco a deriva
Outros seres são inibidos de nascer
Cometem aborto cruelmente sem se arrepender,

Muitos não sabem que viver é um privilégio
Tratam seus entes queridos com sacrilégio
Desrespeita a mãe que o gerou
E o velho pai que para criá-lo muito lutou

Deixam os idosos e doentes à mercê da sorte
Outros são jogados nos asilos até chegar a morte
Mas nem por isso deixemos de dizer que a vida é bela
A ordem é lutar com todas as forças contra as mazelas

Trabalhar e cantar dizendo sempre a vida é bela...
Se estiver escuro abra a porta e a janela
Deixe entrar luz e ar fresco porque a vida é bela
Viva em liberdade como as cervas e gazelas

Veja em que momento da vida você cansou
O que estás fazendo se ainda não recomeçou?
Cante comigo e diga com Deus avante eu vou
Neste barco da vida Cristo é meu condutor

Cante comigo em várias línguas "a vida é bela"
Cante em Italiano La Vita é bella
Cante em espanhol La vida es bella
Cante em francês La vie est belle

Você poderá dizer este pobre escritor agora exibiu
Quer fazer nos cantar numa língua que ele não viu
Não, estas poucas palavras você já traduziu,
E já descobriu que a vida é bela dentro e fora do Brasil


Anápolis Go, 23/05/04

Valeriano Luiz da Silva
Publicação:
www.paralerepensar.com.br 19/07/2005




Dinamização e divulgação do Voz do Povo

Meus amigos, leitores e participantes não se esqueçam das votações em que a " Voz do Povo " participa, é muito importante para a divulgação do nosso blogue. Se acharem que o voto é merecido, não se esqueçam de votar. Estamos inscritos no Blogstars desde 17 de Fevereiro 2007 e levamos mais de 400 pontos na página mãe. Vote também nas Temáticas A Voz do Povo. É só clicar no selo que está aqui no post e abre o site onde poderá votar!
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Um grande abraço

Saturday, February 10, 2007

GUINÉ-CONACRY: A QUESTÃO DA DESINFORMAÇÃO

Por: Fernando Casimiro (Didinho)
didinho@sapo.pt
10.02.2007
As manifestações e as mortes voltaram à ordem do dia na Guiné-Conacry.
Na verdade, o processo reivindicativo estava apenas suspenso por forma a dar oportunidade ao general ditador Lansana Conté de responder às propostas apresentadas pelos sindicatos e acordadas a 27 de Janeiro último.
Se a questão da Guiné-Conacry é um assunto que deve ser resolvido pelos irmãos de Conacry, não deixa de ser verdade que a Guiné-Bissau assume protagonismos nesta matéria com a alegada participação das suas forças militares a mando do general ditador Nino Vieira ao pedido formulado pelo seu vizinho, sócio e amigo de Conacry, Lansana Conté.
Um envolvimento negado, como era esperado, mas largamente noticiado e sustentado por órgãos de comunicação social um pouco por todo o mundo.
O povo da Guiné-Conacry não gostou de saber que da Guiné-Bissau tinham sido enviadas tropas em apoio do seu aflito presidente, chegando essas tropas a matar manifestantes em revolta.
Desta constatação têm surgido apelos à resistência, à luta contra os mercenários, sendo que se tem conotado o próprio presidente Lansana Conté como oriundo e defensor de interesses da Guiné-Bissau, o que não corresponde minimamente à verdade.
É precisamente para esta questão da desinformação que faço esta reflexão no sentido de alertar os irmãos de Conacry para a injustiça e incoerência na atribuição de um juízo de valor convidativo ao virar de costas entre 2 povos irmãos e mártires da ditadura consequente das governações de cada um dos nossos países.
Compreende-se a indignação do povo da Guiné-Conacry que no entanto deveria lembrar-se da mesma situação aquando da guerra de 98/99 na Guiné-Bissau em que Nino Vieira chamou igualmente tropas da Guiné-Conacry e do Senegal para massacrarem filhos da Guiné-Bissau na sua própria terra.
O povo da Guiné-Bissau soube tirar as devidas ilações dessa intervenção militar da Guiné-Conacry, não tendo nunca, confundido a colaboração entre ditadores com o relacionamento entre os irmãos de Bissau e Conacry.
O povo da Guiné-Bissau nunca foi hostil para com o povo da Guiné-Conacry em consequência dessa intervenção.
Hoje não é isso que está a acontecer se tivermos em conta algumas declarações que têm sido emitidas pelas comunidades da Guiné-Conacry na diáspora que se esquecem ou desconhecem a realidade de um passado recente idêntico aos dias de hoje.
Responsabilizar e condenar Nino Vieira é aceitável bem como denunciar, de forma fundamentada, o envolvimento militar da Guiné-Bissau nas operações de apoio ao presidente Lansana Conté.
O que não se deve confundir é o posicionamento de Nino Vieira face à crise na Guiné-Conacry que é uma posição pessoal e não uma manifestação declarada da República e, por conseguinte, do povo da Guiné-Bissau.
Entre os povos irmãos de Bissau e Conacry numa referência global destas duas "Guinés" deve existir uma corrente de solidariedade no sentido do derrube das ditaduras vigentes em ambos os países e nunca a tendência inflamatória de expandir os pressupostos reivindicativos para além do aceitável e que neste caso seria o voltar de costas entre os nossos povos irmãos, o que poderia ter consequências imprevisíveis para a região.

Residência do Presidente bissauguineense demolida em Conakry
Conakry, Guiné (PANA) - Uma linda casa, presumivelmente pertencente ao chefe do Estado bissauguineense, João Bernado Vieira, em Taouya, no alto subúrbio de Conakry, a capital guineense, foi devastada sábado por manifestantes furiosos, como forma de se insurgir contra a nomeação de Eugène Camara para o cargo de primeiro-ministro, chefe do governo guinense, soube a PANA junto de testemunhas oculares.A casa de Vieira, situada no concelho de Ratoma, à beira-mar, suscitava muita curiosidade, de acordo com as testemunhas que não explicaram a relação entre esta casa e os actuais acontecimentos na Guiné Conakry.Além disto, prosseguiram, dezenas de jovens igualmente furiosos destruiram a sede do Partido da Unidade e Progresso (PUP, no poder) em Kankan, a cerca de 600 quilómetros da capital, tendo também incendiado a prefeitura, devastado a cadeia e queimado vivo um soldado.Outros manifestantes superexcitados demoliram, um pouco mais cedo em N'Zérékoré, a 900 quilómetros no sul do país, a residência privada de Eugène Camara, menos de 24 horas depois da sua nomeação para o cargo de primeiro- ministro pelo Presidente Conté.Os revoltosos pilharam igualmente um supermercado e uma loja de electrodomésticos pertencente a empresários libaneses na Mineira, subúrbio de Conakry, onde os bairros de Matoto, Taouya, Hamdallaye estão a ferver.Os manifestantes reclamam doravante pela partida do Presidente Conté, no poder há 23 anos, estimando que ele violou os termos do acordo global, assinou a 27 de Janeiro último no final de 18 dias de greve geral entre o governo e a Inter-Central Sindical.Nos termos deste acordo, o chefe do Estado devia nomear um primeiro- ministro, chefe de governo, "de largo consenso, íntegro e competente" e que nunca gerisse os Assuntos públicos no país.
Fonte: PanapressConakry - 10/02/2007